segunda-feira, 24 de setembro de 2012

BONITO É FEIO!

   Amigo, como eu havia combinado com você, disse que iria comentar sobre nossa viagem a Bonito, Roberto me levou a esta cidade que há tempos eu queria conhecer, talvez devido a influência da mídia e os comentários de que era um paraíso na Terra, eu pensava: vem gente do mundo inteiro para conhecer essa cidade, e eu que sou brasileira ainda não conheço! Resolvemos fazer uma jornada até lá, saímos de São Paulo às 5 da manhã, viajamos o dia inteiro para chegar a Campo Grande, passamos a noite em um hotel muito caro e pouco confortável, de manhã muito cedinho nos dirigimos ao nosso destino, Bonito, fomos sem saber se iríamos passar a noite  lá ou voltaríamos no mesmo dia, afinal nosso objetivo era conhecer a cidade, não ir como turistas, não tínhamos tempo nem dinheiro para isso, era a realização de um sonho, apenas isso. De Campo Grande até lá gastamos 3 horas de viagem, fui observando a paisagem externa e me veio uma desagradável surpresa: A natureza estava toda devastada, viajamos quilômetros e mais quilômetros sem ver uma única árvore, tudo derrubado, vimos sim, muitas máquinas e colheitadeiras por toda extensão do Estado, Roberto me disse que aquilo tudo era campos para plantação de soja, quando não era soja era campos de capim para criação de gado,  mas é só disse que vive a economia desse lugar? Eu não como carne, e estudos já provaram que consumo de carne vermelha é um dos piores venenos para a saúde humana, então para que essa criação desenfreada? É necessário mesmo tanta destruição para alimentar a humanidade? Ou isso tudo é para encher os bolsos de poucos proprietários que manipulam essa indústia de grãos e gado para ficar cada vez mais ricos? Só sei que quando chegamos finalmente a Bonito eu estava completamente desestimulada, eu imaginava que lá seria uma natureza exuberante, e não apenas na cidade, em torno dela também! Qual nada, a natureza tão propagada pelo mundo afora restringia-se a poucos balneários particulares, que exploram a beleza dos aquários naturais que demoraram milhões de ano para a natureza deixá-los tal como estão, e agora grupos de empresários se apossam do lugar, que deveria ser de domínio público, patrimônio da humanidade, e cobram entrada para visitantes apenas conhecer o rio? Achei aquilo tudo um disparate, uma extorsão da boa fé alheia, sim consegui ver o rio Formoso, os peixes nadando, é muito bonito, mas o comércio paralelo que se formou em torno deles é inescrupuloso, eles não podem se achar no direito de se apoderar dos rios locais para ganhar milhões à custa dos turistas que pagam, infelizmente, e são coniventes com essa especulação toda. Fiquei tão frustrada, me senti tão mal naquela cidade, a sensação é que até para se respirar precisa pagar, lá o dinheiro fala mais alto que a liberdade, Roberto sentiu a mesma coisa que eu. No fim ficamos no máximo duas horas, fizemos meia volta imediatamente, pegamos a estrada de volta e só paramos para abastecer, não conseguimos chegar em São Paulo no mesmo dia, passamos a noite em Assis, onde temos alguns parentes, e voltamos logo à nossa querida e poluída São Paulo, agora mais querida que nunca, e com uma triste constatação: Bonito é feio! 

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