sexta-feira, 30 de maio de 2014

TRABALHAR OU NÃO TRABALHAR....

  Querido diário, nesses dias de frio está sendo difícil acordar cedo e ir para a fábrica de roupas trabalhar, tenho enfrentado uma verdadeira batalha para conseguir continuar, a resistência é da própria família, Roberto me pede todo dia para sair desse emprego e ficar em casa, claro, ele sente falta da comidinha caseira que eu fazia para ele todo dia, os filhos já não pressionam tanto, mas sinto que eles também sentem falta da atenção que tinham da mamãe, eu fico dividida entre eles e meu trabalho, na verdade gosto muito de sair para trabalhar e me sentir útil, mas também eu gostava de ficar em casa cuidando da família, Roberto vive dizendo que eu não preciso trabalhar fora, que minha aposentadoria é suficiente, afinal fui servidora pública por 28 anos, sou aposentada pelo Estado de São Paulo, mas acontece diário, que eu sinto que ainda posso produzir, mesmo tendo 54 anos de idade, sinto-me perfeitamente útil para o mercado de trabalho, eu gostava de ficar em casa, mas no meu íntimo sentia um pouco de vergonha de receber uma aposentadoria sem trabalhar, sei que é meu direito, eu contribuí anos para isso, mas não me parecia ético eu receber sem trabalhar, aí minha cabeça ficava girando em torno dessas questões,  o ético e o não ético, então eu prefiro continuar trabalhando, pelo menos por enquanto, até eu conseguir resolver esses conceitos internos e equilibrar minha mente, vou driblando o marido prometendo que vou pensar no assunto, e assim vamos levando, afinal nós mulheres sabemos convencer nossos maridos, é a lábia feminina em ação, rsrsrsrsrsrsrs,...

                                       Gosto de trabalhar...

                                        Me sinto útil.....
                                  

quarta-feira, 21 de maio de 2014

DE OLHOS FECHADOS

Assim nascemos
 Eu, você, esse e aquele
 Com os olhos fechados
  Como pressentindo
   O mundo horrível
    Que iremos ver
     Com choro nos lábios
      Lamentando a chegada
       A uma terra ruim

Assim nascemos
 Eu, você, esse  e aquele
  Com as mãos fechadas
   Como preparados
    A dar duros golpes
     Para vencer ou morrer

Com a pele enrugada
 Como presságio
  Do dia em que chegará a dura velhice
   Amarrada ao corpo
    Para que saibamos
     Que o homem não pode
      A seu capricho correr
       Tropeçando, clamando, buscando
        O leite de um peito bom....

                                          Assim nascemos....
                             

                                     

terça-feira, 6 de maio de 2014

DIA DOS ÍNDIOS

   Amigo diário, hoje se comemora o dia dos índios, mas será que eles tem alguma coisa para comemorar?
   Fico imaginando como eles eram numerosos quando os portugueses chegaram aqui, agora são tão poucos e miseráveis, sem terras, sem sua cultura original, totalmente desprotegidos pelo estado e pela sociedade, os pobres coitados não tem nada a comemorar não, mas os poucos que resistem e lutam para preservar o pouco que lhes resta, deveriam ser reconhecidos como heróis, heróis da resistência, heróis contra os maus tratos, contra o genocídio, contra a desapropriação de suas terras, e contra tudo o que os oprime e oprime sua cultura! Quando afinal esse país vai reconhecer o legítimo direito dos indígenas viverem e cultuarem suas crenças sem interferência do branco? Será que esse dia chegará?
   Amigo, tantas injustiças nesse país, mas eles só ficam teclando na reparação aos perseguidos da ditadura, em elaborar indenizações para quem perdeu seus parentes naquela época, e se esquecem que atrás deles tem muito mais gente que precisava receber indenização, tem muita gente que perdeu tudo, simplesmente por ser índio, por pertencer a uma cultura diferente, por não ter o papel que reconhece sua propriedade, e por não ter ninguém que os defenda, quando afinal o Estado vai se lembrar deles?
   Amigo diário, vou voltar às minhas atividades, levando comigo a chama da revolta contra as injustiças sociais desse país, beijinhos amigo...

                         
                     QUAL O FUTURO DESSA CULTURA?
SUAS RAÍZES SERÃO PRESERVADAS?
QUEM SE IMPORTA COM ELES?