Assisti o governador na televisão, rescém chegado de Paris, onde, com certeza, usufruiu de todo o luxo que a capital francesa oferece, hospedagem em hotel cinco estrelas, degustação da fina culinária parisiense, entre outras mordomias que o dinheiro pode proporcionar, simplesmente ele declarou, no alto da sua empáfia, que a polícia estava certa, é necessário manter a ordem a qualquer custo...
Fiquei imaginando o dia a dia do governador, mora no palácio dos Bandeirantes com sua família, o próprio nome já diz, é um "palácio", é servido com criadagem para todas as suas necessidades, cercado de seguranças, motoristas particulares, e tudo mais, tudo pago com dinheiro público, quer dizer, nós pagamos essa mordomia toda, a ele compete, ou deveria competir, administrar o governo do Estado a favor de nós, cidadãos, que o elegemos para isso, mas ele simplesmente repudia a manifestação de quem está lá na outra ponta: o usuário do transporte público, que não tem motorista particular, que não tem empregados domésticos, que nem sonha com as mordomias em que ele vive, o usuário precisa sim, enfrentar esse transporte, ruim, caro, desconfortável, pois para ele não existe outra opção, ou ele enfrenta esse transporte, ou não trabalha, não estuda, não produz nada para a nação... para o governador, o cidadão não pode se manifestar, ele precisa se conformar com essa situação caótica, ele só exerce seu direito de cidadão na hora de votar, aí sim, depois das eleições tem que ficar mudo e calado, refém dessa situação de desigualdade social, o povo não tem direito de circular pela cidade de uma forma digna, sem estar espremido dentro de um trem ou ônibus, e ainda ter que pagar por isso, o governador foi bem claro: se conformem com esse transporte, é o que vocês tem direito, e pronto!
Encontrei uma situação parecida com essa, lá atrás na história, no mesmo país que ele acabou de visitar, cujos reis de então, viviam no mesmo luxo em que o governador de São Paulo vive, enquanto a população passava fome. Mas aquele rei subestimava a força popular, pensava que sua condição real o livraria de qualquer manifestação pública, mas qual o quê, o pobre rei acabou guilhotinado, pelo mesmo povo que ele julgava subserviente, e assim como a história nos deixa esses exemplos, penso que está passando da hora de nos manifestarmos também, essas primeiras passeatas na avenida Paulista são simplesmente o início, governador, outras virão, pode esperar, e com sua prepotência, temos certeza que o senhor vai continuar dando ordens para o seu comandante da Polícia Militar: mande bala nos manifestantes...
Que pena, quando a gente pensa que o ser humano está evoluindo, que quem ocupa um cargo de gestão pública está lá para melhorar a situação do povo, nos confrontamos com esses trogloditas do poder, infelizmente, mas não perco a esperança não diário, ainda acredito que nós vamos fazer nossa revolução francesa brasileira, afinal já temos o roteiro não é?
Beijinhos diário, vou lá fazer o almoço da família, daqui a pouco vão chegar quatro usuários do transporte público, todos com as reclamações de sempre, transporte caro, entupido de gente, demorado, etc...mas aqui todos podem se manifestar!
Do alto do luxo em que vive....
Morando no palácio dos Bandeirantes e
cercado de mordomias por todos os lados....
é fácil ignorar a situação dos coitados
dos usuários do transporte público...
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